A Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Professor João Antunes das Dores, localizada no bairro Planalto Serrano, no município da Serra, realizou, nos dias 23 e 24 de outubro, mais uma etapa do projeto “Meu cabelo tem história”, que propôs um diálogo sobre identidade, autoestima e valorização da cultura afro-brasileira, destacando o significado histórico, cultural e simbólico dos cabelos ondulados, crespos e cacheados e das tranças para o povo negro.

Durante o evento, os estudantes participaram de dois encontros especiais. No primeiro, as profissionais do Studio Thamires Moreira conversaram com as turmas sobre a importância dos cabelos crespos, cacheados e ondulados na construção da identidade e na valorização da ancestralidade. A palestra “Raiz, identidade e propósito” foi seguida de cortes e cuidados com os cabelos, em um momento de empoderamento e fortalecimento da autoestima das alunas.

No segundo dia, a ex-estudante da escola e trancista Zainy Correia Moreira retornou à unidade para ministrar a palestra “História e cultura das tranças africanas”, seguida de uma atividade prática em que as alunas puderam aprender diferentes técnicas de tranças, reafirmando a beleza e o significado simbólico dessa tradição.

Segundo a professora Cleydianne Luiza Vieira Pereira, a ação foi essencial para fortalecer o sentimento de pertencimento dos estudantes: “Falar sobre cabelo é evidenciar a identidade, a história e o pertencimento. Quando os alunos se veem representados e compreendem o valor da própria imagem, passam a se enxergar de forma mais positiva e confiante. Esse fortalecimento da autoestima reflete diretamente no aprendizado e na convivência escolar”, afirmou a professora.

“Esse momento foi muito emocionante e necessário em uma escola em que a maioria dos estudantes é negra. Se nós, mulheres negras, tivéssemos tido esse tipo de acesso e iniciativa em nossa época de escolarização, muitos dos nossos traumas e inseguranças com a autoestima poderiam ter sido evitados. Falar sobre o nosso cabelo é, de fato, contar a nossa história e reafirmar a nossa identidade”, ressaltou a professora Karina Corrêa, Professora Coordenadora de Estratégias para Equidade Racial (PCER).

Para a estudante Thayná Onofre Conceição, uma das participantes da ação, o projeto foi inspirador: “Foi muito legal e importante participar. Esses momentos fazem a gente se sentir bem com quem somos. Nunca deixe os espinhos das pessoas envenenarem as suas raízes.”

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