A 3ª Feira de Ciências e Mostra Científica, realizada pelo Centro de Detenção e Ressocialização de Linhares (CDRL), nesta terça-feira (17), é uma iniciativa transformadora que comprova o poder da ciência como ferramenta essencial para ressocialização, inclusão e construção de um futuro mais justo. Organizada em parceria com a Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Professor Manoel Abreu, instalada na unidade prisional, a feira visa inspirar novas vocações e destacar o papel da educação científica na transformação de vidas no sistema prisional.

Neste ano, alinhada à Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, a feira traz como tema central: “Ciência Transformadora e Libertadora: Biomas do Brasil - Diversidade, Saberes e Tecnologias Sociais”. Integrando as áreas de Química, Física e Biologia, os projetos apresentados vão além da teoria, conectando o conhecimento científico à realidade dos participantes e explorando soluções práticas para desafios cotidianos dentro e fora do ambiente prisional.

Para os internos envolvidos, a feira representa uma oportunidade única de descoberta e superação. Por meio de trabalhos desenvolvidos com o apoio de professores e equipes técnicas, os participantes têm contato com atividades científicas estruturadas, aprendem na prática e percebem que o conhecimento pode abrir novas portas e possibilidades de reinserção social.

O professor de Química, Rodrigo da Vitória Gomes, doutorando em Educação em Ciências pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), é o criador e idealizador do projeto em suas três edições. Ele enfatiza a importância do evento. "A Feira de Ciências é um marco para a educação em prisões. Ela mostra que o aprendizado de ciência não se limita às grades, mas se conecta com o cotidiano, transformando a visão de mundo dos internos e provando que a ciência pode ser uma poderosa ferramenta de transformação social”, disse.

Os projetos apresentados abordam temas como sustentabilidade, meio ambiente, saúde, energia alternativa e a aplicação da ciência para melhoria das condições de vida no ambiente prisional.  Projetos como aquário de fauna marinha sustentável, produção de biodiesel a partir do óleo de fritura, purificação de água com destilador sustentável, além de braço mecânico utilizando robótica, projeto de identificação de adulteração de combustível e produção de sabonete de baixo custo, foram as iniciativas apresentadas.

O diretor do CDRL, Geanderson Oliveira de Carvallho, ressalta a relevância da iniciativa. “Estamos muito orgulhosos com a 3ª edição da Feira de Ciências. Ela representa o poder transformador da educação e da ciência dentro das unidades prisionais. Cada projeto desenvolvido é uma oportunidade de mudança, de aprendizado e de reintegração. Nosso compromisso com a educação no sistema prisional é um passo fundamental para a construção de uma sociedade mais justa e inclusiva. A ciência nos dá as ferramentas para ressignificar histórias e construir um futuro melhor para todos", enfatizou.

Entre os protagonistas desta transformação estão os próprios internos, que compartilham suas experiências e visões sobre a importância da feira. "Nunca pensei que poderia aprender algo assim aqui dentro. Fazer um projeto e ver que ele pode ajudar outras pessoas me deu esperança. A ciência me mostrou que eu posso mudar e que ainda há espaço para recomeçar. Isso me fez acreditar mais em mim mesmo e no meu futuro”, disse o interno J.S., participante do projeto de sustentabilidade.

A colaboração dos professores foi essencial para o sucesso do evento. A professora Rutineia dos Santos Baldassini, de Biologia, e o professor Wellington dos Santos Dias, de Física, tiveram papel fundamental na organização e execução dos projetos. Eles ajudaram a coordenar as atividades e garantir que os projetos apresentados fossem não apenas educativos, mas também inovadores e aplicáveis ao contexto dos internos.

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