25/05/2020 13h26

Programa brasileiro ganha prêmio da Unesco com uso de inteligência artificial na educação

A Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) reconheceu o trabalho do Programa Letrus em escolas públicas do Espírito Santo, no qual 12 mil alunos e 400 professores utilizaram software que analisa redações e oferece orientações de forma imediata.

O Programa Letrus, que utiliza inteligência artificial para auxiliar no letramento dos estudantes, tornou-se a primeira iniciativa brasileira a ganhar o Prêmio Rei Hamad Bin Isa-Al Khalifa, entregue desde 2005 pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).

Criado pela startup Letrus, o programa permite que o estudante escreva redações sobre diferentes temas e obtenha correções e orientações imediatas. Por sua vez, os educadores recebem dados e gráficos sobre o desempenho da sala e dos alunos, individualmente, podendo utilizar estas informações para auxiliá-los e também na preparação e desenvolvimento das aulas.

O programa já foi utilizado por mais de 65 mil estudantes brasileiros, mas a Unesco reconheceu especialmente o trabalho desenvolvido em parceria com a Secretaria da Educação do Espírito Santo (Sedu), em 2019. Durante um período de cinco meses, o software mobilizou 400 professores e 12 mil alunos do 3º ano do Ensino Médio, em 121 escolas públicas. De acordo com a Letrus, 90% tiveram uma aumento nas notas de redações.

O foco do projeto no Espírito Santo foram as dissertações, de olho na preparação para o Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). De acordo com Luís Junqueira, um dos sócios-fundadores da Letrus, o software atua para reconhecer padrões de escrita. “Conseguimos saber quais são os desvios ortográficos e gramaticais de cada aluno, a formalidade e informalidade que coloca no texto, a maneira como estabelece conexões entre ideias e sentenças e onde estão as propostas de intervenção social, importantes no caso do Enem. A partir desse mapeamento, conseguimos diagnosticar e dar direcionamento”, afirmou.

Para Junqueira, o fato de o aluno receber um feedback (retorno avaliativo) imediato, sem ter de esperar o tempo naturalmente mais longo da correção feita pelo professor, é importante para estimular a reflexão. “A atividade de escrita é apenas um dos elementos, mas há também a leitura da proposta e da coletânea, o entendimento da regras do jogo e a percepção sobre quais elementos não podem ser deixados de lado. Saber sobre tudo isso de maneira rápida e dinâmica ajuda o aluno a entender que o processo de letramento envolve não apenas a escrita, mas também a leitura crítica do seu próprio texto”, disse.

Além do auxílio ao aluno, Junqueira acredita que o programa atua, principalmente, para resolver “dores” do professor, já que o processo de correção de dezenas de redações é longo e frequentemente feito fora do horário de trabalho. A plataforma busca otimizar o tempo dos educadores para que possam atuar de forma mais estratégica. “A gente não precisa ficar mapeando mecanicamente o que uma modelagem de inteligência artificial consegue fazer em escala”, pontuou Junqueira, fazendo a ressalva de que o software não diminui a importância do professor no processo. “O papel do professor na verdade se torna ainda mais fundamental: ele reorienta sua prática para a tomada de decisões estratégicas e para uma gestão de sala de aula engajadora”.

A Letrus também trabalha com os professores, gestores e secretarias de ensino oferecendo treinamento, acompanhamento e a entrega de informações, que podem ser preciosas para todos os envolvidos no processo pedagógico. “Esta é outra grande dor que habita as entranhas do nosso sistema educacional: não olhamos para os textos dos alunos para fazer diagnósticos profundos. Não sabemos se eles estão escrevendo melhor ou pior do que os alunos da década passada ou retrasada. Não guardamos estas informações e não extraímos delas elementos importantes para a tomada de decisões estratégicas”, comentou.

A premiação da Unesco reconhece duas iniciativas por ano, que recebem US$ 25 mil, cada. A edição de 2019 contou com 113 iniciativas inscritas e tinha como tema “O uso de Inteligência Artificial para inovação da educação, do aprendizado e do ensino”. O outro projeto premiado foi o espanhol Dytective, uma ferramenta para diagnosticar casos de dislexia em apenas 15 minutos.

Com informações do site www.porvir.org

 

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